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— ç6 —

elles dizem que são, ainda que por mais não fosse que por não
abaixarem tão tosto aquillo que d’antes de o spermentarem e
executarem, põe sobre a cabeça, que é não se stimarem a si
mesmos e infamarem a fidalguia de que se jactam, e não já
aquella virtude que sempre será stimada, emquanto houver ahi
homens em Italia e cidade.

E por isto deve um pintor de o não querer ser fóra d’esta
terra em que stamos. E vós, J/. Francisco di Ollanda, se pola
arte da pintura sperais de valer em Spanha ou Portugal, d’aqui
vos digo que viveis em sperança vã e fallace, e que por meu
conselho deviaes de viver antes em França ou em Italia, onde
os engenhos se conhecem e se muito estima a gram pintura.
Porque achareis aqui homens particulares e senhores que não
gostam ora muito da pintura, como ora André Doria, que todavia
f 135 pintou manificamente | o seu paço, e satisfez manificamente mestre
v. Perino, pintor d’elle; e como o cardeal Fernes, que não sabe que
cousa é pintura, o qual ao mesmo Perino fez mui honesto partido,
só por se chamar seu pintor, dando-lhe vinte cruzados por mês
e ração de mantimento para eile e para um cavallo e moço, afóra
pagar-lhe muito bem suas obras. Vede que fezera o cardeal Delia
Valia ou o de Cesis! Assi mesmo o papa Paulo que, inda que
não é muito musico nem curioso na pintura, e todavia o faz
bem comigo e ao menos muito melhor do que lhe eu peço. E eis
aqui stá Orbino, meu criado, a que eile sómente dá, por me moer
as colores, dez cruzados cada mês, afóra a ração no paço. Deixo
já seus vãos favores e carezas, de que me ás vezes corro.

Ora do muito desmanencolizado Sebastiao Veneziano que
direi eu? — ao qual (sem vir em tempo favovarel) deu o papa
o sello do chumbo com a honra e proveito que tal officio requer,
 
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