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Hulin de Loo, Georges [Honoree]
Mélanges Hulin de Loo — Bruxelles [u.a.], 1931

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https://doi.org/10.11588/diglit.42068#0210

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MÉLANGES HULIN DE LOO

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de Joâo Brandâo e Ruy Fernandes, embora fosse natural
que uni e outro estivessem em contacto com o pintor
flamengo, pois um e outro forain grandes amigos da arte e
tiveram a honra de conviver em Antuerpia, em 1520 e 1521,
com Dlirer, que a ambos retratou e teve pelo segundo a mais
provada amizade, jâ o mesmo nâo sucede com Damiâo de
Goes. Apesar de nâo ter encontrado jâ Dtirer nas Flandres,
pois sô ali chegou em 1523, isto é cêrca de dois anos depois
do regresso de Durer a Nuremberg, nâo tendo portanto
podido estar com Metsys em Antuerpia, nas festas com que
este obsequiou o pintor alemâo, na sua casa da « rue des
Tanneurs », nem naquelas com que os feitores portuguêses
homenagearam nessa ocasiâo o mesmo artista, e a que
decerto Metsys nâo faltou, nem por isso, em nosso entender,
Darniâo de Goes deixou de conhecer Metsys. E nâo tiramos
esta conclusâo apenas do facto da estada de Damiâo de
Goes na grande cidade flamenga, onde chegou em 1523, e
em que residiu mais de uma vez no decurso das viagens que,
a partir de entâo, fez pelo centro da Europa, embora isso
bastasse, pois, com o seu gôsto e cultura artistica, Damiâo
de Goes nâo podia ignorar durante sete anos, numa terra
como Antuerpia, um pintor com a fama e interesse de Met-
sys. E nâo o concluimos ainda tâo pouco de comunidade de
amizade do pintor flamengo e do feitor português por
Erasmo, comunidade que era natural acabasse tambem por
os aproximar, ligando os très pelos mesmos interesses espi-
rituais, por isso que as relaçôes de Goes com o filôsofo
holandês sâo talvez posteriores à morte de Metsys.
Melhor do que isso, temos para o provar o proprio teste-
munho de Damiâo de Goes, sendo este mesmo quem nos fala
de Metsys e em termos que nos mostram bem o apreço em
que tinha o pintor flamengo. E, pormenôr intéressante, essa
referencia em que o feitor português continüa a tradiçâo
dos que conheceram pessoalmente Metsys, chamando-lhe
familiarmente, Mestre Quintino, como flzeram Erasmo, Dtirer
e Thomas Morus, é do ano de 1572, isto é, precisamente
 
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