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https://doi.org/10.11588/diglit.42068#0214
MÉLANGES HULIN DE LOO
175
seja o triplo do que custou cada pintura de Bosch e de
Metsys.
Quanto ao painel : « A coroaçâo de Nosso Senhor Jésus
Cristo », nâo nos diz Damiào de Goes quanto pagou por
essa obra de arte, limitando-se, neste ponto, a escrever que
« val muito dinheiro ». Nâo flca porém felizmente por ahi,
Damiào de Goes, nos seus comentarios, e, embora em pou-
cas palavras, deflne admiravelmente o caracter da arte de
Metsys, nâo sô em si mesma, mas ainda em relaçâo à de
Bosch, quando exalta a « grande perfeiçam da obra » da-
quele e a « perfeiçam, novidade e invençam da obra »
deste. E isto, que é admiravel na sua justeza e concisâo,
basta para o impôr como um dos grandes criticos de
arte do seu tempo, dando-lhe um logar de honra entre a
falange ilustre dos que primeiro souberam por no seu ver-
dadeiro logar a obra desses dois grandes artistas flamengos.
*
* *
Quando falâmos do triptico do Museu de Goimbra, logo
dissemos que, mencionando-o em primeiro lugar, era mais
que provavel alterarmos a ordem cronolôgica da vinda de
obras de Metsys para Portugal. E assim entendemos que
deve ser. Nâo é crivel, na verdade, que as outras pinturas
deste artista que, para câ vieram, tanto as que ainda aqui
estâo como as que jâ sairam de câ, nâo tenham entrado
no pais antes de 1517. E se temos bem présentes as
datas de 1504 e 1506, e a ligaçâo de Portugal com
Metsys que a primeira, pelo menos, représenta, esta nossa
presunçâo ainda mais se impôe, pois a presença de um
português na oficina do mestre envolve logo, com outras
presumiveis consequencias, a sua aproximaçâo dos nossos
Feitores, em Antuerpia, por serem estes que tinharn a seu
cargo o pagamento das pensôes concedidas aos portuguêses
ali a estudar. E a isto acresce a data da inauguraçâo do
convento da Madré de Deus, de Lisboa, e a influência de
Metsys que acusam alguns dos pequenos paineis quinhen-
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seja o triplo do que custou cada pintura de Bosch e de
Metsys.
Quanto ao painel : « A coroaçâo de Nosso Senhor Jésus
Cristo », nâo nos diz Damiào de Goes quanto pagou por
essa obra de arte, limitando-se, neste ponto, a escrever que
« val muito dinheiro ». Nâo flca porém felizmente por ahi,
Damiào de Goes, nos seus comentarios, e, embora em pou-
cas palavras, deflne admiravelmente o caracter da arte de
Metsys, nâo sô em si mesma, mas ainda em relaçâo à de
Bosch, quando exalta a « grande perfeiçam da obra » da-
quele e a « perfeiçam, novidade e invençam da obra »
deste. E isto, que é admiravel na sua justeza e concisâo,
basta para o impôr como um dos grandes criticos de
arte do seu tempo, dando-lhe um logar de honra entre a
falange ilustre dos que primeiro souberam por no seu ver-
dadeiro logar a obra desses dois grandes artistas flamengos.
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Quando falâmos do triptico do Museu de Goimbra, logo
dissemos que, mencionando-o em primeiro lugar, era mais
que provavel alterarmos a ordem cronolôgica da vinda de
obras de Metsys para Portugal. E assim entendemos que
deve ser. Nâo é crivel, na verdade, que as outras pinturas
deste artista que, para câ vieram, tanto as que ainda aqui
estâo como as que jâ sairam de câ, nâo tenham entrado
no pais antes de 1517. E se temos bem présentes as
datas de 1504 e 1506, e a ligaçâo de Portugal com
Metsys que a primeira, pelo menos, représenta, esta nossa
presunçâo ainda mais se impôe, pois a presença de um
português na oficina do mestre envolve logo, com outras
presumiveis consequencias, a sua aproximaçâo dos nossos
Feitores, em Antuerpia, por serem estes que tinharn a seu
cargo o pagamento das pensôes concedidas aos portuguêses
ali a estudar. E a isto acresce a data da inauguraçâo do
convento da Madré de Deus, de Lisboa, e a influência de
Metsys que acusam alguns dos pequenos paineis quinhen-